Antes de poder expor ideias, vamos fazer um breve relato sobre o tema Tecnologia.
Ao pé da letra, a palavra de origem latina tem o seguinte significado: o estudo do ofício.
É um conjunto de conhecimentos técnicos e científicos onde será criado /desenvolvido um novo processo produtivo, não só no campo da indústria, mas também no campo das ideias, no desenvolvimento econômico e social.
Hoje o nível de desenvolvimento tecnológico possui uma grande complexidade.Tomemos como exemplo os computadores, ferramentas industriais, cálculos matemáticos, lógicas computacionais, aplicações de métodos econômicos, etc, etc.
E a Ciência? - Qual relação com a Tecnologia?
A ciência é o estudo da natureza rigorosamente de acordo com o método científico. A tecnologia, por sua vez, é a aplicação de tal conhecimento científico, para conseguir um resultado prático. A ciência e a tecnologia andam juntas. Vamos chamar da seguinte forma: a tecnologia é a ferramenta que a ciência usa para podermos chegar a um ou vários resultados.
Se formos usar o raciocínio de alguns argumentos colhidos até aqui, a única coisa que compramos na verdade são novas técnicas, desenvolvidas por novas tecnologias. A partir do momento que ela foi criada e desenvolvida, ela deixou de ser um nova tecnologia e passou a ser um nova técnica.Ela continuará a ser tecnologia no caso de os estudiosos ali envolvidos, a utilizarem com novos conhecimentos para desenvolver novos processos, e assim que chegarem neste novo resultado teremos uma nova tecnologia e assim por diante, fechando um ciclo.Por isso acho muito difícil se comprar a tecnologia própria mente dita. Vamos ao seguinte exemplo prático que vivi na Indústria Gráfica aqui no Brasil na década de noventa.
O que vi e participei nos anos 90
Mais precisamente nos anos de 1994-95,o País já vinha modificando seus processos produtivos em vários níveis, principalmente com a abertura do mercado e também com o novo panorama econômico que era favorável , principalmente com o dollar mais barato (chegou a ser 1 para 1).
Neste período a Indústria Gráfica estava modificando a sua forma de produção também.
No processo de montagem de revistas para impressão por exemplo. l
Lembro-me que, o método utilizado era o mesmo da década de 40, 50, claro que com algumas inovações, mas o processo era praticamente todo manual, envolvendo dezenas de profissionais em varias funções complexas.
Na entrada do processo produtivo, a revista, jornais, etc, tinham como base os past-ups, onde verdadeiros artistas montavam as paginas das revistas, já com os textos escritos e devidamente posicionados.Neles também estavam postados os lugares onde iriam entrar as fotos, artes, etc.Estes past-ups (feitas em empresas de publicidades, etc), eram fotografados, por máquinas enormes, em quartos escuros, onde eram gerados filmes em negativo.
Estes filmes eram revelados, e trabalhados em um processo de montagem manual, de forma a terem mais de uma cor (se fosse o caso - de acordo com o past-up), através de negativar e positivar.Em conjunto com películas negativas em porcentagens que variavam de 0 à 100 %, ou seja, com intensidades de pontos de acordo com a arte (seguindo as orientações do original), chamados Bandays (caso tivessem degrades, fundos em diferentes tons), e etc, até que, estes montadores, iam juntando um verdadeiro quebra cabeças, sempre com trabalhos manuais de verdadeiros artistas, juntando todo este material fotográfico.
As Artes também eram fotografadas, assim como fotos,slades, e outras imagens que estavam em papel fotográfico por exemplo, e tudo eram juntados com o texto neste processo de negativar /positivar, onde iam tomando o formato da pagina da revista, de acordo com o layout dos past-ups, já pré definidos.
Mais tarde vieram os scanner´s que melhoraram muito a qualidade da reprodução destas artes, fotos, mas o processo de juntar tudo,ainda era sempre parecido, até sair o filme geralmente positivo (transparente) final, chamado de fotolito.Se for preto e branco sai apenas um filme, se for colorido é feita a combinação de acordo com a necessidade.
Uma imagem colorida, ou policromática, é dividida em quatro cores básicas, as cores "primárias", chamadas de o ciano (*tipo azul), o magenta (*tipo rozinha), o amarelo e o preto (o chamado sistema CMYK, do inglês cyan, magenta, yellow e black).
*Obs: Citei desta forma apenas para o leigo ter uma ideia do que estou descrevendo.
O processo final então, a imagem que estava neste filme (fotolito), era gravado em uma chapa de metal apropriada, através de processo manual. Na verdade pegava-se este fotolito, colocava-se sobre esta chapa, onde ficava presa em uma prensa através de sucção, e com luz branca de grande intensidade ( gerada através de peças tipo eletrôdos que geravam tal luz), "queimavam aquela chapa, onde (gravava), a imagem que estava no fotolito, sendo transferida com detalhes para a chapa. Se a revista fosse 4 cores, saíam 4 filmes, um para cada cor, conforme descrito acima. Após este processo, através de material químico, era revelada esta chapa, que ia para um processo chamado Prelo, onde um rolo compressor de borracha.era gravado manualmente, através de tintas (escala de cores),uma por vez também, e impresso no papel, onde se chegava no resultado esperado pelo lay-out. Caso algo tivesse que ser modificado, tinha-se que chegar naquelas montagens de filmes e alterar ou corrigir o que fosse necessário, em um processo totalmente manual que envolviam vários níveis novamente, dependendo o caso, parte daquele material poderia ser usado novamente, e ia se modificando o que fosse necessário, dependendo da alteração, teria que repetir todo o processo, deste o fotógrafo, scanneador, montador, o aplicador do prelo, o gravador e por ai vai.Um processo muitas vezes demorado e caro.
Para ser sincero um trabalho muito bonito, realmente trabalho de artista, era este de gráfico.
A Automação - A relação com o processo convencional
Daí veio os computadores e seus programas, com a automação de todo o sistema. Lembro-me que esta empresa que trabalhei, tinha em seu processo produtivo, em torno de 110 profissionais diretos, considerando todo o processo produtivo, e uma produção de mais de 400 paginas de revista à quatro cores por mês, fora outros tipos de materiais que ali eram produzidos, como embalagens, caixas de produtos farmacêuticos, propagandas para jornais, capas de livros, manuais, entre outros produtos .
Com a implantação do sistema de computadores, o número de funcionários caiu para um pouco mais de 10% do total de funcionários que se tinha no método convencional.Com em torno de 12 Macintosh, e 3 Pcs, dois RIPS e duas saídas de filme da Hell, um scanner grande e outro pequeno, toda a produção era feita, e ainda sobrava tempo para mais 20 à 25% de aumento na produtividade da empresa no mínimo.
Imagina-se o que baixou o custo trabalhista?
Eram menos 90 funcionários diretos, o espaço para toda a logística antiga, exigia uma área muito grande, pois tinha que ter espaço para a fotografia, quartos escuros, área para revelação, as mesas de montagem que eram grandes, processadoras de filmes,espaço para guardar as pastas com as montagens, pois não podiam ser descartados os materiais até saber se estava tudo ok, ou até mesmo para poder reaproveitar parte deles para novos produtos.Um almoxarivado grande para armazenar, vários tipos de reveladores, filmes, materiais quimicos, papel, entre outros.
Com o implantação deste novo processo de produção, eliminou-se os past-ups, os processos de fotografia inicial, pois tudo já era produzidos em programas de editoração e gravados em discos ópticos. As paginas já viam todas editadas.O maior trabalho, eram com as imagens e artes, que necessitavam ser scanneadas, mas não precisavam mais gerar negativos, pois já viravam imagens digitais, não sendo mais necessários também os montadores, fotógrafos, várias processadoras, mesas de montagens, quartos de fotografias, revelação de filmes, pois tudo é transformado digitalmente, o que ocupam grande espaço em discos ópticos, pen drives, Hds, mas nada fisicamente como antes.
Novo processo, novos profissionais, outros postos de trabalho
Uma vez scanneadas, as imagens são devidamente tratadas nos programas de computadores, onde eram acertadas as tonalidades, intensidades de luz,etc. Estas imagens eram montadas nas páginas já editadas, onde eram checadas e revisadas para verificar se nada saiu do lugar.Como em um passe de mágica aquelas páginas já montadas, eram impressas em máquinas especiais, impressoras de filme (fotolito) e reveladas, saindo então o produto final, que depois podiam ser encaminhadas para o prelo (praticamente única parte do processo antigo que permanecia), mas no caso de revistas eram impressas em jet´s mesmo, para se ter o produto impresso (protótipo), antes de se imprimir milhares de cópias.Uma vez aprovado pelo cliente, era mandado para as gráficas (os fotolitos), e impressas em enormes tiragens.
O processo é tão mais rápido que até a descrição ocupou um parágrafo apenas, em relação ao método convencional.
A referida empresa pode diminuir e muito o tamanho de ocupação do prédio, diminuindo custos de aluguel, etc. Mas nem tudo é tão simples, pois estes equipamentos, programas e manutenção custam caro, assim como a nova gama de profissionais .
Aqui temos de um maneira bem simples, a tentativa de mostrar o que aconteceu na mudança de produção de um método manual para outro processo, o automatizado, onde a nova praticamente é o de apertar o "ENTER".
Isso tudo custa muito dinheiro, exige mão de obra especializada, equipamentos especiais, programas especiais.
Nem tudo é maravilha, e é ai que eu quero chegar em meu raciocínio. Não podemos ficar apenas como simples usuários desta tecnologia.temos que também participar como desenvolvedores do processo, participando de alguma forma, criando programas de computadores, periféricos, participando também deste desenvolvimento.
Minha opinião sobre este assundo segue no texto à seguir.
Referênte as fotos
Foto 1 Placa de circuito
foto2 rotativa
foto 3
monitor aplle
(imagens da Wikimidea)
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